Jardim da vida

O girassol é flor raçuda, que enfrenta até a mais violenta intempérie e acaba sobrevivendo. Ela quer luz e espaço e em busca desses objetivos, seu corpo se contorse o dia inteiro. O girassol aprendeu a viver com o sol e por isso é forte. Já o miosótis é plantinha linda, mas que exige muito mais cuidado. Gosta mais de estufa. O girassol se vira... e como se vira! O miosótis quando se vira, vira errado. Precisa de atenção redobrada. Há filhos girassóis e filhos miosótis. Os primeiros resistem a qualquer crise: descobrem um jeito de viver bem, sem ajuda. As mães chegam a reclamar da independência desses meninos e meninas, tal a sua capacidade de enfrentar problemas e sair-se bem. Por outro lado, há filhos e filhas miosótis, que sempre precisam de atenção. Todo cuidado é pouco diante deles. Reagem desmesuradamente, melindram-se, são mais egoístas que os demais, ou às vezes, mais generosos e ao mesmo tempo tímidos, caladões, encurralados. Eles estão sempre precisando de cuidados.

No meio dessa aventura desmedida da maternidade, me sinto no papel do jardineiro que tem de saber das necessidades de cada flor, e incentivar ou podar na hora certa.


Não se pode abandonar demais os girassóis, porque eles também precisam de carinho... E não se pode proteger demais os miosótis, porque agua em quantidade errada tambem pode mata-los.

Sinto-me sempre com a tesoura e o regador nas maos. Mas nem sempre sei se estou usando da melhor forma. Sei que a falta, bem como o excesso de cuidados matam a planta... So nao sei a medida certa. Serao os ossos do oficio?

Nao sei. Por enquanto quero cuidar do meu jardim, sem errar. Lindo! Exuberante! Vivo! E o mais importante: tao mesclado de especies!

Irei sempre achar que poderia fazer melhor. Mas, essa tambem e uma das delicias paradoxais de ser mae...

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e quem divaga longamente sobre essas histórias de jardins e suas doces maravilhas é o, não à toa tão sábio, Padre Zezinho.