quinta-feira, 25 de março de 2010

Meus bons amigos, onde estão?


"Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece..." (Clarice Lispector)

Esperamos demais das pessoas e acabamos por ser indulgentes e tolerantes de menos. E pior: não aprendemos com certas experiências. Continuamos a nos decepcionar. Uma, duas, três, dez vezes!

Sim, digo "continuamos a nos decepcionar", em vez de "continuam a nos decepcionar". Porque a decepção não vem de outro lugar senão de nós mesmos. Explico: quando nos decepcionamos é porque esperávamos receber algo diferente da outra pessoa e isso não ocorre. Então, a frustração não é pela atitude, mas sim pela expectativa criada por nós sobre como os fatos deveriam acontecer. A atitude é do outro, a frustração é nossa. Simples assim...

Apesar do gosto amargo que sempre fica na boca depois de, mais uma, diga-se de passagem, decepção, descobri uma coisa interessante na conversa com meu travesseiro essa noite. Através da técnica do "porque" (assim mesmo, mas cada um sabe se seus porquês são juntos ou separados). Comecei a ponderar sobre o motivo de ter me sentido tão triste. Descobri que era porque, mais uma vez, tinha tido uma decepção, que veio da frustração de uma expectativa. A expectativa? Da crença de que existia amizade sincera e pura... Bingo! Só estava frustrada porque acreditava que existisse mais consideração, respeito, educação, carinho. Ponderei mais um pouquinho. Realmente, não só merecíamos tudo isso aí, como continuamos merecendo! Ponto final.

Do outro não se sabe e sobre o outro não há controle... Talvez, felizmente.

A mim, acho que cabe continuar sentindo o tal gosto amargo na boca, vez ou outra, afinal, não pretendo me conformar em receber "qualquer coisa", nem da vida nem das pessoas.

Quero tentar dar o melhor sempre, para não amargar a vida dos que comigo convivem, embora isso nem sempre seja possível, assim como não é possível controlar as intempéries que se abatem sobre a Terra, não é mesmo?

Frustrado o que queria chuva quando veio o sol. Assim também são as coisas conosco: incontroláveis.

A decepção só nos aponta para um aprendizado: que cada ser é único, independentemente de ser bom ou mal, justo ou injusto, sincero ou dissimulado. Mas ter consciência de como se deseja ser tratado já é um grande começo.

E quando as coisas não são como imaginávamos, vamos colocando a balinha de tolerância na boca para disfarçar o gostinho da decepção, abrindo um sorriso e seguindo em frente, prontos para degustar novos sabores, amargos, doces ou de indiferença. É assim que se cresce. E tenho dito!!!

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